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Janelas de oportunidade: o mercado de carbono

Discussões corporativas a respeito da implementação de medidas sustentáveis divide opiniões, mas o bottom line, na maioria das vezes, envolve concluir se esta ou aquela iniciativa vale a pena.

Já expressei em outras oportunidades que o mapeamento estratégico é muito importante para reduzir o risco de ver todo um investimento frustrado e estar de olho na evolução do ambiente ESG é fundamental.

A preocupação com a emissão de gases que provocam o efeito estufa não é uma novidade para ninguém, mas estamos vivenciando uma janela de oportunidade para que empresas contribuam de forma proativa com o combate ao aquecimento global.

O mercado de carbono está na agenda de diversos stakeholders e, sem dúvida, esse spotlight abre um leque muito interessante de oportunidades de investimento.

Criado inicialmente como uma espécie de “autorregulação estatal” na qual foram estabelecidos limites máximos para emissão de gases do efeito estufa (GEE) e a possibilidade do comércio internacional de créditos de carbono entre os países signatários da UNFCCC/ONU (o Brasil é um deles, ok?), o mercado de carbono também alcançou a iniciativa privada. Ou seja, empresas podem participar do comércio de dióxido de carbono (CO2) ou qualquer outro GEE (usando CO2 equivalente).

E como entrar ou expandir a participação nesse mercado? Antes de mais nada, faça um assessment realista do seu negócio. Questione qual seu objetivo empresarial dentro desse contexto.

Ao passar para as oportunidades disponíveis, avalie qual se encaixa melhor ao seu objetivo empresarial. O BNDES tem publicado chamadas públicas para aquisição de créditos de carbono, incluindo créditos ainda não emitidos, então se a intenção é empreender, essa pode ser uma boa opção. Já o BB disponibiliza a venda de créditos para quem busca neutralizar suas emissões de GEE e o Itaú, em conjunto com outros bancos estrangeiros, investiu US$ 45 milhões em um marketplace para negociação de créditos de carbono (Carbonplace).

E por qual motivo estamos diante de uma janela de oportunidade?

Além de existir atualmente várias opções para entrada no mercado de carbono voluntário, o governo brasileiro está de olho no tema e a emissão de GEE deve passar a ser regulada. Ou seja, se esta ainda não é uma preocupação da sua empresa, em um futuro próximo, ela pode se transformar em uma obrigação.

Desde o início do ano, o mercado de carbono está na pauta do governo federal com ênfase nos projetos de lei relacionados ao tema e diversos stakeholders estão participando do debate.

Dando o empurrãozinho que faltava, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sinalizou no início desta semana que, ainda em agosto, enviará ao Congresso uma proposta para regulamentar o mercado de carbono.

Bottom line: estamos atravessando um momento propício para estudar a forma mais eficiente de entrada/permanência no mercado de carbono para maximizar o custo-benefício atrelado a esse investimento. Seria uma pena deixar essa oportunidade passar e, num futuro não tão distante, gastar muito mais, às pressas, para mitigar danos diretos e evitar danos colaterais.

Afinal, independente da opinião de cada um sobre a adoção de medidas sustentáveis pela iniciativa privada, ninguém se opõe às relações ganha-ganha, certo?